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Turma do Fundão

Fenômeno viral de audiência, o site de humor Porta dos Fundos sofre assédio da TV, que ir pro rádio e vai virar filme

Por Jeff Ares

São 134 milhões de views em sete meses. Cinco amigos, roteiristas da Globo, resolveram juntar seu melhor besteirol em uns vídeos de humor. Surgia a produtora Porta dos Fundos, que logo virou canal do YouTube. Deu liga. “Um belo dia a gente resolveu largar tudo e fazer só isso”, conta João Vicente de Castro, que, com Antonio Tabet, Fabio Porchat, Gregório Duvivier e Ian SBF, forma o quinteto. O aposto mais usado para defini-los é “nova aposta do humor brasileiro”. Soa bem. Em tempos de Zorra Total, eles conseguiram dar nova cara a piadas cansadas, munidos de uma verve politicamente incorreta, mas sutil, com cara de bom-mocismo. E um gosto pelo baixo calão, de fazer Dercy corar. “Ninguém bate na mesa e fala caramba… fala caralho”, justifica João. Os próprios sócios atuam nos esquetes, ao lado de gente como Clarice Falcão, uma tremenda atriz, e eventuais participações de famosíssimos, como Cleo Pires e Maitê Proença – esta última protagoniza o episódio Maitêndo Fundo, cujo título realça deveras o teor sexual da piada – até o fechamento deste texto, quase 3 milhões de views celebraram a hilária pseudocena pornô da atriz. Os números portentosos e o sucesso viral da coisa chamaram, claro, a atenção de emissoras de TV, loucas para aumentar audiência, rejuvenescer faixas humorísticas e, importante, tomar para si a atenção do internauta, esse rival do Ibope. Há muita gente batendo na porta. “Tem muita conversa, não propostas. A gente tem uma relação ótima com a Globo, mas por enquanto a gente não achou um formato.” A liberdade da web pode ser comprometida? “Se for pra ir pra TV, tem de ir do jeito que é. A televisão que vai fazer negócio com a gente tem de acreditar na gente. Não dá pra não falar palavrão”, vende João. Por ora, eles ganham grana com patrocinadores, mesmo alfinetando marcas como a TIM e a Dolly. “Teve até uma proposta esdrúxula, um cliente que quis pagar pra gente nunca falar mal dele… e era uma grana boa, foi difícil recusar.” Mas processo quase não tem. “Só umas três ameaças, de umas Kellens (assista ao vídeo da latinha de Coca Zero e entenda), mas não aconteceu nada porque o nosso humor é diferente do humor malditozinho que tá aí agora, a gente não faz essa babaquice de falar que a Preta Gil é gorda, a gente prefere falar bem. A gente gosta é de bater em gente preconceituosa. Piada pronta não interessa. Fazer piada de loira burra é mole.”

Pelo que se anuncia, o quinteto não vai dar com a cara na porta. A coisa tá boa pro lado deles: além do assédio das TVs, eles devem transpor as piadas para outras mídias. “A gente quer muito andar por aí, conversamos outro dia mesmo sobre um programa de rádio, a gente tá escrevendo um roteiro para cinema, que já tá caminhando bem”, entrega João. Com o sucesso, naturalmente, vem a turma do desdém. “Estamos virando alvo, invariavelmente. Tem uns haters de plantão que odeiam tudo. Aí falam que a gente copia, que a Porta dos Fundos é do Eike Batista, que a gente paga R$ 20 mil por dia pro YouTube pra dar audiência… que conta é essa? Mas estamos cagando. Se tem gente querendo meter o pau, é porque tá gostosa”.

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