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Back To The 90’s

Musas da década voltam à cena, com raiva e melancolia do limiar do futuro. Chega mais…

Por Jeff Ares
A boa notícia é que o inesgotável revival dos 80 acabou. Ou deu um tempo, e abre passagem para o resgate das sonoridades dos anos 90, década peculiar, colagem de outras, revisão pré-Aquarius para construir dias sem rigor (hoje), em que tudo pode: vestir, ouvir, beijar o que quiser. Nos 90, ecos dos 70 tingiram as raves tranceiras (nascedouro dos superstar DJs), a selvageria punk deu o tom raivoso do grunge de Kurt Cobain, símbolo do realmente relevante movimento da década (ao lado do mangue beat, que o nosso maracatu é atômico). Na seara pop, abundaram fenômenos nojentos à la Spice Girls, correlatas boy bands e cacas de um hit só. Destaque-se o britpop de Blur, Oasis e Radiohead, tios do indie rock. Nesse caldeirão, reverência às dominantes vozes femininas do pop rock, garotas-prenúncio da supremacia feminina. Cheias de marra e mágoa, destilavam letras confessionais de corações calejados. Vinte anos depois, voltam à cena, de uma vez, com novos álbuns e muitos ex-namorados para detonar. Fiona Apple, a garota interrompida original, lança seu primeiro disco em cinco anos. Escute a canção “Werewolf” e entenda o que há de genial ali. Outra que ressurge é Alanis Morissette, agora mulher de um rapper, mãe de um garoto de 2 anos, com álbum previsto para agosto. Mais uma: a sexy Shirley Manson está de volta, à frente do Garbage e seus hits soturnos. Rivaliza com a loira ska Gwen Stefani, que, depois de 11 anos, volta a gravar com o No Doubt, lembra? E dá-lhe PJ Harvey, a resposta britânica a Fiona, que saiu em turnê neste ano cantando lugares escuros. Uma depressão só.

Para nos entreter (ou enterrar) de vez, eis que surge a carequinha Sinead O’Connor, que perdeu a beleza e, aparentemente, o juízo. Mantém um disco novo na gaveta e espera lançá-lo quando se curar de um transtorno bipolar que a fez cancelar uma série de shows este ano. Anos 90, nothing compares to you.

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