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On The Road

Um preview do filme de Walter Salles, que estreia hoje

Por Lívia de Bueno

“Fui convidada para uma cabine de ‘On the road’ e a expectativa era alta. Jazz (beat pop, na verdade), sexo, drogas e a bíblia do movimento hippie em jogo. Para bem colocar, o livro de Jack Kerouac e o movimento beatnik precede os hippies. São os filhos da guerra, anteriores aos baby boomers,  viveram em uma época de transições. Não chegaram a transpor como os flower power, mas intuíram. Uma manifestação pré pop, o ponto de partida. E não à toa falamos sobre os beats até hoje. Mas ser contracultural é um estado, um devir bem difícil de reportar. E tanto o livro como o filme de Walter Salles pedem olhos não analíticos para assim a estrada e o suor entrar pelos poros. Um viver pelo corpo para transgredir e também assistir.

Nenhum clímax toma o espectador de assalto, é a vida como ela é de malucos sexies e linda fotografia. Simples assim? Basta ser doidão para ser contracultural? Não, não você precisa também ser amigo do Burroughs e ter sede de escrita a ponto de rabiscar em papeis de pão.

Aliás, um dos pontos altos do filme é Viggo Mortensen, incrível como o escritor William Burroughs e sua família Junky. Atenção em Amy Adams. A voz rouca e hipnótica de Sam Riley como Sal narrando tudo dá o tom. Garret Hedlund em uma atuação inspirada como Dean Moriarty e Kristen Stewart como Camille, sua e queima, queima, queima. Além de Kirsten Dunst e Alice Braga em aparições iluminantes.

Depois de tudo fica aquele gosto de viagem que se as fotos não existissem não teríamos como provar. Kerouac usou as palavras. Walter Salles foi de imagens vigorosas e sensuais para olhos meditativos. E hoje? Vamos de quê?”

Lívia de Bueno é carioca, atriz, gente boa e colaboradora de RG.

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