Na edição de dezembro de RG, e agora aqui, um papo exclusivo com Vítor Belfort. As fotos são de outra fera, Michael Roberts
Por Jeff Ares
Quem vê não pensa, mas esse homenzarrão aí das fotos (de Michael Roberts, exclusivas para RG) já enfrentou preconceito. “Já venci, agora vou formar o conceito.” Vítor Belfort refere-se à resistência ao seu esporte, o MMA, mix de artes marciais que arranca sangue na porrada. Considerado extremamente violento, ganhou força exuberante nos últimos anos, inclusive no Brasil. Lá fora, longe dos excessos dos pitboys, as lutas marciais gozam de maior deferência – e viraram febre nas academias. “Não pode generalizar. A violência está na política, no futebol, na polícia… Tem gente boa e ruim em todas as áreas. O MMA é um esporte seguro, e é entretenimento. A luta educa”, defende Belfort, embaixador do UFC (o circuito) no país e, desde já, uma lenda do esporte. Aos 34 anos, o lutador carioca já foi campeão e hoje figura no Top 10 de sua categoria, a de meio-pesados, encabeçada pelo midiático Anderson Silva – cuja fama explodiu depois de um chute que nocauteou Belfort, nesse ano. Luta histórica.
“Sou um gladiador moderno”, batiza Belfort. Definição exata para quem faz do esporte profissão. “Dou um golpe como um samurai, com orgulho e respeito pelo adversário.” Seu discurso é quase messiânico, mas não é mais francamente evangélico, como um dia já foi. “Sou um homem de fé, tenho um relacionamento sincero com Deus, mas não preciso da aprovação de padre, pastor ou guru. Jesus foi colocado numa prateleira. Ele não precisa de nada de você, nem do dízimo, nem da oferta. Ele precisa do seu amor. Eu creio no amor.”
Uma risada de criança, do outro lado do telefone, deixa tudo mais claro. A trágica perda de sua irmã, anos atrás, fez aumentar o sentido da família para Belfort, marido de Joana Prado e pai de três filhos. Todos moram em Las Vegas, onde ele pretende inaugurar uma academia megaexclusiva, um clube da luta que vai unir fitness e artes marciais. Outro projeto? Uma promissora linha de underwear, desenhada pela chique da Lenny Niemeyer. Ideia de Jason Herbert, diretor criativo do Fashion Rocks e mais novo empresário de Belfort. “A marca é inspirada no sungão de luta”, ele conta. “Sungão, nada de sunga de dois dedos!”, decreta.
E quem é louco de contrariar?