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Balenciaga by Suzy Menkes

Nossa colunista fala sobre o museu da maison, e conta detalhes da vida do estilista

Por Suzy Menkes do International Herald Tribune

GETARIA, Espanha — No topo da colina acima desta cidade portuária medieval fica o túmulo de Cristóbal Balenciaga. Sua laje de granito é simples e nobre – assim como os vestidos esculpidos exibidos no novo Cristóbal Balenciaga Museo em Getaria, a cidade natal do magistral couturier no país Basco, na Espanha.

As rosas cor de creme sobre o túmulo são uma homenagem de Hubert de Givenchy, que descreveu Balenciaga como “meu ídolo” e foi o presidente-fundador da fundação que passou uma década trabalhando a fim de criar o ousado espaço de exposições aqui.

Na inauguração do museu, em junho, a Rainha Sofia da Espanha, recebida por um coral e por música folclórica basca, deu o selo real de aprovação ao estilista, filho de um pescador e uma costureira.

A mansão contígua ao museu modernista é um lembrete da história do couturier: era a residência de verão da Marquesa de Casa Torres, que permitiu que Cristóbal, com 11 anos de idade, copiasse seus vestidos parisienses. Ele ajudava sua mãe viúva e praticava na cidade vizinha de San Sebastián como alfaiate. Os 19 anos de Balenciaga como tesouro espanhol – quebrado pela guerra civil de 1936 — foram seguidos por mais de três décadas no topo da alta moda de Paris. Ele fechou sua maison em 1968 e morreu em 1972, aos 77 anos.

As senhoras da nata da sociedade espanhola – algumas das quais doaram vestidos ao museu – compareceram à estreia e compartilharam memórias do estilista. “Balenciaga era sério, mas tinha alegria de viver – lembro-me dele com minha mãe em Pigalle, morrendo de rir enquanto tomavam sopa de cebola”, contou Sonsoles Díez de Rivera, que foi à inauguração usando um impecável terno xadrez de 1965.

Mrs. Díez de Rivera, cuja mãe, a Marquesa de Llanzol, era amiga de Balenciaga, visitou o museu com a Rainha Sofia, contando-lhe anedotas sobre as obras em exposição: o gorro preto de sua mãe com plumas, seu próprio vestidinho de grávida com flores fúcsia, e o vestido rodado de sua mãe, da década de 1950, transformado para sua filha por Balenciaga com uma anágua escarlate.

Ainda mais impressionante é o vestido de noiva de Mrs. Díez de Rivera, de 1957, com seus bordados prateados inspirados nos vestidos das estátuas de Madonna em Sevilha. Outros vestidos de noiva em exposição incluem o lendário vestido de casamento com aplicações de mink de Rainha Fabíola da Bélgica, cuja família aristocrata espanhola passava os verões em Getaria.

O museu teve uma gestação complicada, com o ex-prefeito de Getaria acusado de desvio e de distribuir algumas das peças de Balenciaga para seus camaradas. Mas a Ministra da Cultura espanhola, Ángeles González-Sinde, se ateve ao investimento de 30 milhões de euros, que veio do estado e de regiões vizinhas, explicando que o museu foi planejado para “imitar Bilbao” e incentivar o turismo em Getaria, assim como o Guggenheim em 1997 transformou a cidade industrial vizinha.

Entre a geração atual de estilistas espanhóis, não há dúvida quanto sua veneração por Balenciaga – ou quanto a relevância do trabalho de Balenciaga sobre seu próprio.

“Balenciaga é a essência da Espanha”, disse Estrella Archs, atualmente se concentrando em sua própria grife após uma breve passagem pela Ungaro. “Há um lado que é bastante rústico e um lado bastante sofisticado em relação à Espanha”, disse. “Seu trabalho era sofisticado e muito puro – sua modernidade tinha a ver com ser muito simples, com uma modéstia e orgulho muito espanhóis”.

E a impressão geral do museu é positiva: um espaço amplo para exibir o legado de Balenciaga em sua terra natal.

“É fantástico”, disse a Rainha Sofia. “Depois de esperar tanto tempo, fico feliz por ter vivido para ver este lugar!”

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