E o Oscar foi para…

O cinema americano vem sendo dividido entre filmes estritamente para entretenimento e filmes artisticos. Estes ultimos nao sao vistos pelo publico geral como entretenimento. A preocupacao de ganhar milhoes na bilheteria e tamanha que ninguem mais se arrisca com novas ideias… E mais rentavel apostar nas seqüencias: Homem Aranha 3, Shrek 3, Piratas do Caribe 3….
 
Sao diretores americanos como Ethan e Joel Coen, conhecidos como os “Coen Brothers”, que conseguem burlar este esquema. Eles nao seguem nenhuma formula. Criam filmes sempre surpreendentes, sinistros,  com toques de humor. Sao cult, mas sabiamente fogem do rotulo “underground” – seus filmes sao apreciados e distribuidos junto com os mainstream movies. Sao poucos os diretores que conquistam este feito, comparado ao que ja fizeram Stanley Kubrick ou Martin Scorsese.

O ultimo filme dos Coen Brothers, “No Country for Old Men”, ou “Onde Os Fracos Nao Tem Vez”, foi lancado em novembro nos Estados Unidos e este mes no Brasil. Ganhou 73 premios e 37 nomeacoes, 8 sendo do Oscar. Neste domingo (24.02), arrebatou quatro deles, nas mais prestigiadas categorias: Filme, Diretor, Roteiro Adaptado e Ator Coadjuvante, para Javier Bardem. Os Coen assinam o roteiro, uma adaptacao do livro “No Country for Old Men”, do escritor norte-americano Cormac McCarthy. Escolheram minuciosamente o elenco, que alem do espanhol Bardem, inclui Tommy Lee Jones, Josh Brolin e Kelly Mcdonald. Os diretores, conhecidos pelo apuro tecnico, trabalharam novamente com o cinematografo Roger Deakins e o compositor Carter Burwell. O editor, Roderick Jaynes, nada mais e que um pseudonimo dos irmaos.

O filme essencialmente segue tres personagens principais, cujos destinos se cruzam. Moss (Josh Brolin) e um cowboy de western Texas. Ao sair para cacar, se depara com o que parece ter sido uma negociacao de trafico “gone bad”. Cheio de corpos, carros fuzilados e cachorros atirados, ele encontra uma maleta cheia… Resolve pegar o dinheiro. Problema: muitos ja estao atras da tal maleta. Anton Chigurh (Javier Bardem), um assassino dos mais sombrios – perigoso mesmo algemado em uma delegacia – carrega consigo uma arma estranhissima que atira gas em alta pressao. Matando a todos que encontra, e sem o menor remorso, tenta chegar em Moss a qualquer custo. Nesta perseguicao de gato e rato, entra em cena o velho e bom sherife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones), disposto ajudar Moss, sabendo de sua ingenuidade e do perigo que corre. O final e surpreendente – e deixa muitos enfurecidos.

Um dos aspectos que destaca os Coen Brothers e que seus filmes nao se encaixam em nenhum genero. “No Country for Old Men” e um Western que nao e um Western, um drama que nao e um drama, uma comedia que nao e uma comedia. A realidade ali e quase um sonho. Vale a pena assistir ao filme. So a composicao de Javier Bardem – que merecidamente levou o Oscar, ja vale o ingresso. Um personagem tipico do universo dos Coen, com seu corte de cabelo a la Beatles, sua arma anormal e uma voz de pesadelo.