A verdade que não quer calar: o seu DNA afeta muitas coisas, inclusive sua pele. “A relação do DNA com a pele é tamanha que a genética interfere na resistência, na regeneração, no desenvolvimento da barreira cutânea, na perda hídrica da sua pele e no quanto das fibras de colágeno e elastina, essenciais para a sustentação, estão vulneráveis aos efeitos dos raios solares. Por isso, entender como suas variantes genéticas influenciam a saúde da pele é essencial para mantê-la protegida, além de criar estratégias para estimular colágeno e reforçar a capacidade antioxidante, mantendo a aparência jovem e saudável por mais tempo”, destaca o geneticista Dr. Marcelo Sady, pós-doutor em genética e diretor geral Multigene. Abaixo, especialistas destacam cinco informações importantes que o exame genético pode identificar e mudar, de vez, o rumo do seu tratamento.
Sua produção de colágeno pode ser, naturalmente, baixa: o colágeno é um glicopeptídeo sintetizado pelos fibroblastos, células da pele responsáveis por sua produção e, para que tenha sua correta função, ele passa por reações químicas cujo resultado final é sua organização em fibras. “No organismo, existem mais de 28 tipos de colágeno e na pele, se destacam os tipos I e III que são responsáveis pela elasticidade, firmeza, sustentação e parte da hidratação cutânea”, afirma o dermatologista Dr. Abdo Salomão Jr., membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
O exame genético pode identificar o genótipo do gene COL1A1, ligado à menor produção de colágeno. “Isso tem alta influência no resultado de tratamentos cosméticos e também em consultório. Por isso, o médico pode turbinar esses tratamentos por meio da indicação de suplementos, que trarão substratos para maior produção de colágeno”, afirma Sady. “O silício orgânico biodisponível e a vitamina C, por exemplo, são cofatores do colágeno, por isso a prescrição oral de Exsynutriment é interessante também nesses casos”, afirma a farmacêutica Maria Eugênia Ayres, gestora técnica da Biotec Dermocosméticos.
Conjuntamente, o dermatologista indica sessões de Ultraction 3D, um ultrassom microfocado para dar mais estímulo de colágeno e combater a flacidez. “Isso pode ser feito também de maneira preventiva, de modo a conquistar a poupança de colágeno”, explica Salomão Jr.. Outra opção é a aplicação do bioestimulador de colágeno, segundo o Dr. Mário Farinazzo, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. “Diferentemente dos suplementos e cremes de colágeno, os bioestimuladores irão aumentar a produção natural de colágeno do corpo. Dessa forma, o colágeno é realmente produzido onde precisa”, explica Farinazzo. Os mais famosos são Sculptra, Radiesse e Ellanse. “O primeiro é composto por Ácido Polilático (PLLA). Ele é injetado para estimular o aumento da quantidade de colágeno no organismo. É um tratamento facial e corporal eficaz para quem busca uma forma de rejuvenescer a pele”, explica o médico.
Já Radiesse é composto por microesferas de hidroxiapatita de cálcio. “Esse é um tratamento com efeitos de longa duração, chegando até 24 meses. Ele causa um processo inflamatório que irá provocar a produção de colágeno. Em menor proporção, com o passar do tempo, ele também produz um efeito preenchedor”, afirma.
E, por fim, Ellanse é um composto de carboximetilcelulose (gel à base de água) e policaprolactona, um polímero absorvível comumente utilizado para suturas e implantes. “Ele possui um efeito similar ao ácido hialurônico, produzindo efeitos de preenchimento imediato, mas também estimula a produção de colágeno ao longo do tempo”, completa Farinazzo.
O sol pode ser especialmente ruim para sua aparência: segundo o Sady, uma informação importante que o exame pode dar é que o paciente pode apresentar o genótipo do gene MMP1, que está relacionado a uma degradação do colágeno oito vezes maior que o normal após a exposição solar. “O gene MMP-1 possui diversas variantes genéticas, entre elas a rs1938901 cujo alelo T leva a maior expressão, consequente maior produção de MMP1, maior degradação de colágeno e maior formação de rugas. Além disso, diante da exposição solar os portadores desse alelo T podem apresentar uma expressão 8 vezes maior de MMP1, o que acelera muito mais o processo de fotoenvelhecimento, levando a formação de uma grande quantidade de rugas”, destaca o Sady. “Portanto, esses indivíduos portadores do alelo T devem tomar muito cuidado com a exposição solar e buscar mecanismos protetores, por exemplo: para ajustar a expressão de MMP-1 e reduzir a formação de rugas podem utilizar ativos orais como vitamina C + E, zinco, ácido alfa-lipoico, chá verde, resveratrol, isoflavonas de soja, carotenóides, como licopeno, beta-caroteno e vitamina A”, explica o geneticista. “Esse paciente precisa usar e reaplicar, diariamente, o protetor solar, evitar exposição solar direta constante, além de usar roupas e acessórios com proteção UV”, explica Salomão Jr..
Você pode notar marcadores genéticos ligados à baixa capacidade antioxidante: “Além do envelhecimento natural, os agressores externos, como sol e poluição, e alguns hábitos de vida, como fumar, má alimentação, má qualidade do sono e estresse, também aceleram o envelhecimento justamente porque aumentam a produção de radicais livres que degradam colágeno”, afirma Farinazzo.
Um exame genético também pode identificar a carência de genótipos de genes como SOD2 e CAT, o que compromete a capacidade antioxidante da pele em responder bem contra a ação dos radicais livres. “Ou seja, essas características predispõem o paciente a ter mais rugas, sofrer mais com o fotoenvelhecimento e hábitos ruins”, explica Sady. Esse paciente precisa, mais do que nunca, readequar seu estilo de vida e investir em uma alimentação com perfil antioxidante. “Uma alimentação equilibrada está entre os principais itens que ajudam a deixar a pele bonita, jovem e hidratada. São os alimentos que você consome regularmente que definem a aparência e qualidade do tecido cutâneo, não apenas em um mês, mas também em um, dois anos ou mais. A alimentação com perfil antioxidante é uma das principais formas de prevenção do envelhecimento, inclusive da pele, enquanto uma dieta rica em alimentos pró-inflamatórios pode causar diversas disfunções, desde acne ao aparecimento de rugas precoces”, afirma o médico nutrólogo Dr. Juliano Burckhardt, membro titular da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e da International Colleges for Advancement of Nutrology. “Existem diversos alimentos que possuem capacidade antioxidante para combate do estresse oxidativo. Nutrientes como Vitamina C, Vitamina E, oligoelementos, selênio, zinco, carotenoides e polifenóis como resveratrol podem ser usados. Porém, ainda que nutrientes isolados sirvam como antioxidantes, o ideal é investir em alimentos que sejam ricos em uma grande variedade dessas substâncias. De acordo com o estudo, a categoria alimentícia que inclui temperos e ervas é a que contêm mais alimentos ricos em antioxidantes. Além disso, frutas vermelhas e vegetais de todas as cores, no geral, também figuram entre alimentos que contêm antioxidantes em quantidades médias e altas”, afirma Burckhardt.
Existem marcadores genéticos ligados à flacidez por diferentes mecanismos: uma forma de envelhecimento relacionado à flacidez tem a ver com a perda dos níveis de gordura e o envelhecimento estrutural, influenciados pelos genes LIPC, LPL e INSIG2, destaca o Dr. Marcelo. “Nesses casos, é necessário um maior estímulo de proteínas de sustentação, com utilização de suplementos como Exsynutriment e In.Cell, que em conjunto atuarão na nutrição celular e formação desses tipos de proteína”, explica Maria Eugênia.
“No caso da perda de gordura, o preenchimento com injeção de gordura é indicado, nesses casos, para deixar o rosto ainda mais suave; respeitando as diversas estruturas, a técnica Fat Grafting garante uma aparência bem natural, como se você tivesse voltado de férias. Pequenas quantidades de gordura são removidas do corpo do paciente e injetadas em outras áreas. A chamada Nano Fat Graft permite que a gordura seja injetada na derme, parte superficial da pele. A palavra ‘nano’ é usada porque esta técnica transforma a gordura em partículas muito pequenas capazes de estimular o colágeno da pele. É um excelente procedimento para diminuir linhas finas, rugas e círculos escuros ao redor dos olhos”, explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
A acne e as inflamações podem ser controladas mais fáceis: existe uma predisposição genética para acne. Alguns indivíduos apresentam mais acne e inflamação. “É comum observar, por exemplo, uma concordância maior de acne em gêmeos, então existe sim uma influência genética bem relevante. E essa influência genética está associada com um processo inflamatório, geralmente por conta do gene TNF-alfa, que está associado com o maior ou menor risco de acne dependendo do genótipo (conjunto de genes que não são modificados naturalmente)”, afirma Sady. Esse risco maior de inflamação da acne também pode explicar porque algumas pessoas sofrem com cicatrizes permanentes. “Identificado previamente, a prevenção pode ser importante para manter a boa qualidade da pele, diminuindo os riscos de cicatrizes. Para haver essa adequação, você vai precisar de mais ativos orais ou tópicos em uma concentração maior, para frear essa maior produção, já que está sendo produzido em maior intensidade por esses dois alelos”, explica ele. E o exame pode ajudar até mesmo no controle da dieta, já que alguns alimentos estimulam a inflamação no corpo. “Então, se você tiver uma dieta adequada, você vai minimizar a inflamação sistêmica. E inclusive vai minimizar a inflamação na pele que está levando à acne”, diz o geneticista. “Mas é fundamental procurar um médico. Somente ele poderá indicar os produtos mais recomendados para cada caso”, finaliza.
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