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A temporada de calor chegou e, decerto, a exposição solar aumenta nesse período, o que provoca danos à pele e aos fios – do cabelo e da barba. Por isso, é necessário redobrar os cuidados, mas você sabe especificamente por que o sol, o calor, a água salgada e o cloro da piscina causam tantos danos – e quais são eles? Conversamos com médicos e especialistas para entender de uma vez por todas quais os perigos que esses agentes causam para nossa pele e cabelo:
Sol – A radiação solar UV tem papel importante no fotoenvelhecimento e no desenvolvimento do câncer de pele, segundo o dermatologista Dr. Daniel Cassiano, da Clínica GRU e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Existem duas radiações que são perigosíssimas para a pele: UVA e UVB. “A maior parte da radiação que chega à Terra, cerca de 95%, é do tipo UVA, que atinge a camada mais interna da pele (derme). Sua intensidade é constante, durante o ano todo e não costuma variar muito ao longo do dia, sendo um pouco maior entre as 10 e 16 horas. Esse tipo de radiação induz a pigmentação da pele, promovendo o bronzeamento por meio da ativação da melanina”, afirma Isabel Piatti, Consultora Executiva em Estética e Inovação Cosmética e conselheira do Comitê Técnico de Inovação da Buona Vita. “Já os raios UVB penetram na camada mais externa da pele (epiderme), onde ocorre a regeneração das células. Apresenta maior incidência durante o verão, com maior intensidade entre as 10 e 16 horas. A exposição exagerada, com grande frequência, ocasiona queimaduras na pele e, se for feita repetidamente, aumenta os riscos de câncer de pele e de envelhecimento precoce das células”, diz Isabel.
Segundo o geneticista Dr. Marcelo Sady, diretor geral do Laboratório Multigene, por exemplo, há uma influência genética que determina o quão nociva a radiação solar pode ser. “Por exemplo, o genótipo do gene MMP1 está relacionado a uma degradação do colágeno oito vezes maior que o normal após a exposição solar”, afirma o geneticista.
Calor – “O calor estimula a glândula sebácea a produzir oleosidade, que acaba entupindo os poros e não lubrificando a pele de maneira adequada”, comenta o Dr. Lucas Fustinoni, médico tricologista e divulgador científico nas áreas de Tricologia e Estética, Fellowship de Estética em Miami e membro da World Trichology Society. E, sabendo que os tipos de pele oleosa e mista são os mais comuns no Brasil, com uma incidência de 80% na população, fica difícil escolher o produto ideal para hidratar a pele nessa época do ano.
“Quanto maior a quantidade de óleos o produto contiver, mais pegajosa vai ficar a pele. Se você pegar um produto que contém uma grande quantidade de óleo e aplicar sobre uma pele que já é oleosa, o resultado vai ser uma pele com mais brilho, com aparência de que está faltando limpeza, além de poder ter complicações como acne e os poros se dilatarem ainda mais”, afirma o pesquisador e farmacêutico Maurizio Pupo, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Ada Tina Italy. Além disso, temos que considerar a radiação Infrared (infravermelho), que é sentida através do calor ou mormaço.
“É uma radiação que acomete num comprimento de onda suficiente para atingir a derme mais profunda — a derme reticular — onde estão as fibras de ancoragem e sustentação da pele. E isso provoca um dano muito importante, com menor elasticidade e uma piora no aspecto geral com a destruição do arquétipo da pele. Além de um maior potencial de cancerização. Para evitar a flacidez e rugas, é importante o uso do protetor solar físico e antioxidantes que diminuam o processo inflamatório causado pelo InfraRed”, afirma a Dra. Claudia Marçal. Com relação ao cabelo, a médica explica que podemos também ter o quadro das dermatites do couro cabeludo, causadas pelo abafamento, calor, suor excessivo e por ficar muito tempo – e nos horários ruins – expostos à radiação. “Então para quem já tem tendência a uma dermatite seborreica, a um quadro de hipersensibilidade cutânea, o couro acaba sendo pele com fios e quando não está devidamente protegido sofre, sim, por conta dessa hiperexposição”, diz a médica.
Mar e piscina – “O sal presente na água do mar e o cloro da piscina fazem com que a barreira cutânea seja quebrada deixando a pele sensível e desprotegida contra os agressores”, afirma Fustinoni. “Em relação à pele, o cloro da piscina tem um pH ácido, com uma ação bactericida e normalmente nós colocamos qualquer substância na água para evitar a contaminação por fungos e bactérias. Quando a nossa pele, por algum motivo, é mais sensível, é hiperreativa ou está seca (quando não se usa hidratante) e o manto hidrolipídico está comprometido, nós podemos ter desde um quadro de ressecamento, vermelhidão, formação de placas de urticária ou simplesmente ficar com a pele extremamente ressecada, o que pode provocar coceira logo depois que o paciente nada”, afirma Claudia.
Soma-se a isso, segundo o médico, a irradiação solar gerando inflamação da pele e desidratação. “A combinação de todos esses fatores gera o envelhecimento cutâneo muito acelerado durante o verão”, afirma Fustinoni. No caso do cabelo, não é diferente: “O cloro e a água do mar causam danos à cutícula e diminuem a quantidade de proteínas na fibra capilar. Como resultado, o cabelo pode ficar mais fino, quebradiço e até mesmo mudar de cor caso tenham passado por procedimentos químicos e tinturas. Logo, é fundamental que sempre após sair da água você tome uma ducha para retirar qualquer resíduo de areia, cloro ou sal dos fios”, aconselha o médico tricologista Fustinoni. “Outra estratégia interessante é lavar o cabelo antes mesmo de entrar no mar ou na piscina. Dessa forma, o cabelo, que já estará saturado de água, absorverá menos sal ou cloro”, completa.
Outros perigos – Segundo o dermatologista Cassiano, as dermatites de contato desencadeadas pelo sol como as queimaduras com limão são muito frequentes nessa época, por isso é muito importante tomar cuidado ao manusear frutas cítricas e se expor ao sol (fique de olho também nas caipirinhas e outras bebidas com frutas). “Nessa época, o melasma pode piorar muito nas pacientes que relaxam com uso do filtro solar. A rosácea também tem o sol e calor como gatilho. Doenças fotossensíveis como Lúpus também podem piorar no verão”, afirma o médico.
Os homens também precisam ficar atentos: assim como os cabelos, a qualidade dos fios da barba pode piorar durante o verão devido à exposição excessiva dos pelos faciais ao sol, mar e piscina. “Estes fatores causam o ressecamento dos fios, deixando-os quebradiços e opacos. A incidência dos raios UV, o cloro e a água salgada também podem oxidar os pigmentos dos fios, causando mudanças na coloração da barba. Por isso, é importante adotar alguns cuidados extras para manter a barba saudável durante o verão”, afirma Fustinoni.
Cuidados importantes – O uso do protetor solar é importante para diminuir a maioria desses danos, sendo muito eficiente contra a radiação solar e o calor. “Muitas pessoas deixam de aplicar o protetor solar pelo fato de grande parte dos produtos desse tipo possuírem uma textura grossa, pegajosa e que pode tornar a pele esbranquiçada, o que não agrada a todos”, afirma o farmacêutico Pupo. Por isso, o ideal é optar por veículos mais leves e que tenham ação contra a oleosidade, como as microsílicas.
“Elas são microcristais que têm a propriedade de absorver a oleosidade que a pele produz. Então esses microcristais agem de duas maneiras: absorvendo a oleosidade do produto, deixando o produto mais sequinho, falando mais especificamente sobre protetores solares, já que eles são naturalmente mais oleosos. A segunda ação é absorver também a oleosidade da pele. Por isso, eles fazem uma dupla ação contra a oleosidade, do produto e da pele, sem ressecar o tecido cutâneo”, afirma Pupo.
Segundo Claudia, realmente nada substitui o protetor solar, mas você pode reforçar as defesas da sua pele por meio nutracêuticos, como Polipodium Leucotomos, Bio-Arct, Glycoxil, Vitamina C e FC Oral. “Os antioxidantes tópicos também ajudam a fortalecer a pele. Moléculas como Vitamina C, Superox-C, OTZ 10, Alistin e Coffee Skin minimizam os danos do calor, impedem os danos ao DNA celular e agem contra os radicais livres de forma intensa”, afirma Mika Yamaguchi, farmacêutica e diretora científica da Biotec Dermocosméticos. No caso dos homens, os cuidados com a barba e o cabelo devem ser redobrados, principalmente com o uso de óleos e leave-in. “Além disso, quando falamos em fotoproteção, não estamos apenas nos referindo ao uso do filtro solar. Mas um amplo conceito de proteção solar, que inclui chapéu, óculos escuros, e, principalmente para proteger o corpo, o uso de roupas com proteção UV”, finaliza o dermatologista Cassiano.