Por Jeff Ares
RG: Sabina, vi dois clipes seus no YouTube, os dois sem roupa… alguma razão especial para se apresentar com o corpo nu?
Sabina Sciubba: Porque quero sinceridade, inocência, simplicidade, sensualidade. Tudo vestido é mentira.
Nua sobre um burrico, a cantora italiana lança neste mês seu disco solo, Toujours, projeto paralelo à banda de musica eletrônica experimental Brazilian Girls – alcunha que não deixa dúvidas sobre sua relação com o nosso país.
Para saber mais sobre o disco, uma boa troca de e-mails, que reproduzimos aqui. Sabina, em imperfeito e carinhoso português, nos conta uma ou duas coisas que farão mais gostosa a audição de seu álbum (ela promete shows de lançamento para breve) e o consumo de sua persona, deveras interessante.
RG: Sabina, tudo bem? Nossa querida Renata Zincone me deu seu e-mail para falarmos de sua carreira solo, do disco… Obrigado pela entrevista. Começo querendo saber de onde vem essa fixação no Brasil?
SC: Oy Jeff, é um prazer. Vou tentar ser autêntica em português. Como gostaria ter essa conversa com você no Brasil! A ligação é espiritual, mais que física. Acho que escutei muita música brasileira na minha infância. Um dos primeiro encontros foi Ao Vivo, disco de Beth Carvalho. Conheço cada respiro nesse disco. Depois descobri Jorge Ben e Caetano, Milton e Chico, Gal e João, os Novos Baianos…
RG: Por que sua outra banda se chama Brazilian Girls, isso eu nunca entendi…
SC: Because everybody loves brazilian girls!!!
RG: O que é a sua música?
SC: Um reflexo do meu estado de espírito, sempre é autobiográfica. No momento, é mais retrô que antes. O tempo avança, eu regresso, vou terminar um bebê cantando Schubert.
RG: Pode nos contar sobre o seu passado, o seu presente e o seu futuro?
SC: Começamos com o futuro… Futuro irônico, que inspira desejos e medos em todos nós. No meu futuro vejo muitas pessoas, serão os meus múltiplos filhos, será o meu público? Gosto de ser amada e assim espero ser, pela minha família, meus amigos e meu público. Em fevereiro sai o meu novo disco solo, no qual trabalho há dois anos e meio, com Frederik Rubens na produção. É uma autobiografia dos últimos cinco anos. Vai sair pela Bar/None Records nos Estados Unidos e pela Naim, na Europa.
Toco violão elétrico em quase todas as músicas. Toco mal, mas com convicção. Fiz um vídeo para a música “Toujours”: fiz tudo, tirei as fotos, desenhei o background, inventei um mundo Sabinesco, metáfora da minha vida real. Trabalhei no vídeo por sete meses. Sigo mesclando línguas, porque é assim na minha vida de todos os dias. No presente, estou criando um time para promover o disco nesse mundo YouTube. E gravando músicas novas com o Brazilian Girls, depois de um break de dois anos. Estamos de novo com ganas de trabalhar juntos, fazendo shows… temos já quase um disco inteiro. O Brazilian Girls me faz pensar nos ótimos amigos, músicos brasileiros, Bebel, Otto, Pedro Baby, Betão Aguiar, Ari (gira o mundo o mundo que gira oh). Isso é passado, que inspira saudade e gratidão. Antes de voltar para a Europa, passei quase dez anos em Nova York. Muita música, muita vida, mas também moderação…Se faço um salto largo, posso voltar pela Bavária, na casa da minha mãe, no jardim com os animais, o cavalo, o burro, os cachorros, gatos, ratos, patos, o olor da pintura de óleo da minha mãe, o violão do meu irmão… parece mentira, foi tão lindo. Nasci em Roma, cidade do meu pai, cidade da minha saudade. Antes não lembro.
Abaixo, disponibilizamos o vídeo de “Toujours”, registro solo de Sabina Sciubba. Play!
RG #134 tem Sabina Sciubba, tem Camila Pitanga, Thaila Ayala, Preta Gil, as irmãs Jagger e muito mais. Tá nas bancas!