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Daniel Feingold completa 30 anos de trajetória com exposição no Paço Imperial

Daniel Feingold – Foto: Divulgação

O Paço Imperial inaugura nesta quarta-feira, dia 30 de novembro, a exposição “Pequenos Formatos”, do artista carioca Daniel Feingold, que está completando 30 anos de trajetória. Com curadoria de Paulo Venâncio Filho, serão apresentadas cerca de 60 pinturas recentes e inéditas, em pequenos formatos, em óleo e bastão oleoso sobre tela, que marcam uma nova fase na obra do artista, com cores mais vivas e campos cromáticos inéditos. Como um desdobramento dessas novas obras, também serão apresentadas oito pinturas inéditas, em grandes dimensões, produzidas este ano em óleo sobre tela, que dialogam com as obras de menor formato.

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No dia da abertura será realizada uma visita guiada com o artista na exposição. A mostra tem patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.

“São planos cromáticos, linhas e situações de encontros plásticos que geram uma suposta dobradura do espaço, a partir de uma cor, na maioria das vezes plana, na superfície bidimensional da pintura”, diz o artista. “Faiscantes, elétricas, ácidas, como uma dança de centelhas que, entre si, disputam o espaço total da tela – um all over da era digital. Oriundas de um estilhaçamento prévio, em curso, que impossibilita toda e qualquer possibilidade e insiste em se conter nos limites da tela, que a custo o corpo procura controlar – o élan vital pintura”, completa o curador Paulo Venâncio Filho.

Conhecido por suas pinturas monumentais, nas quais escorria o esmalte sintético pela tela, criando tramas, Feingold não só mudou o material, mas também as formas e a paleta, com cores mais vivas, muitas delas em neon, além da introdução do prata, trazendo mais luz e vitalidade para as telas. “O fundo prata ou alumínio energiza fisicamente a superfície chapada”, afirma o curador, que completa: “E o que dizer dessas cores tão improváveis, indefiníveis, tão além dos padrões modernos – lancinantes, eu diria. Reconfortantes, não. Ameaçadoras, talvez. Descarregam corajosamente no espaço sua versão da complexidade atual que se quer simplificar – o bem estar não está mais entre nós. Lampejos derradeiros do body electric”.

As pinturas pequenas, com tamanhos que variam entre 18cm X 24cm e 50cm X 60cm,  começaram a ser produzidas durante a pandemia de Covid-19, uma maneira mais rápida e produtiva do artista conseguir trabalhar. Utilizando bastão oleoso, criou formas diversas, mas que se limitavam ao espaço deixado pelo risco do bastão. Por isso, começou a usar também a tinta a óleo, com trincha, que permitia uma aplicação maior das cores na tela, criando áreas cromáticas mais largas. Como um desdobramento natural, voltou à sua origem de criar grandes telas, essas com tamanhos de 2,20m X 2,80m X10cm, em obras verticais, e 1,80m X 3,00m X10cm, em telas horizontais, com formas que se assemelham às pequenas pinturas, mas nas quais o artista pôde se expandir mais, escorrendo, inclusive, pelas bordas, que tem 10 cm de espessura.

As grandes pinturas são formadas por duas telas, propositalmente separadas, que dão a sensação de uma obra tridimensional, com dobraduras e volumes. Apesar de compostas por duas telas, o artista não chama essas obras de dípticos, pois elas formam uma unidade. “Elas não se encostam, é o olho do espectador que junta os dois painéis, formando uma dobradura entre eles. É essa continuidade do espaço, que não se interrompe em todo o constructo. Se as telas fossem juntas, não haveria esse efeito”, afirma o artista.

Além de novas formas e novas cores, Feingold está utilizando nas novas obras da exposição a tinta a óleo. “O óleo é uma tinta com alma, que se move, se refaz, se perde e tem vida. Para essas pinturas só o óleo faz sentido, pois este se movimenta, enruga, fere”, completa Feingold, que propositalmente deixa os “acidentes” de percurso na tela, como respingos e manchas, que acabam se incorporando à obra.

Formado em arquitetura, Daniel Feingold não faz nenhum esboço prévio antes de criar suas pinturas. “As formas começam a ser ‘recortadas’ na hora. É tudo resolvido na tela, no momento da pintura”, diz o artista, que morou muitos anos em Nova York, período “muito esclarecedor para a minha poética de temática abstrata”.

Ao longo do período da exposição está prevista uma palestra com o artista e o lançamento do e-book bilíngue da mostra.

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