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Videobrasil Online lança “Confinamentos” em 10 de maio

Juliana Borges – Foto: André Zanardo

Uma questão cronicamente desafiadora – e que ganha contornos inesperados em tempos de pandemia – fundamenta a seleção criada pela escritora Juliana Borges para a Videobrasil Online. “Confinamentos”, que estreia dia 10 de maio e fica disponível para o público até 4 de julho, lança um olhar abrangente para três décadas de acervo histórico da plataforma, selecionando obras que põem em pauta as diversas formas de cerceamento físico e psicológico a que estamos submetidos, indo do encarceramento em massa aos interditos do racismo, da ideia de manicômio às prisões políticas, da criminalização da homossexualidade à perversidade do monitoramento digital.

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Composta por obras de personalidades como Coco Fusco, Frente 3 de fevereiro, Kiko GoiffmanMegan-Leigh Heilig, Lucila Meirelles, Juvenal Pereira e Alyona Larinokova, a programação inclui documentários, intervenções performáticas, videomontagem fotográfica e uma série de narrativas visuais que somam uma ampla gama de indagações ao tema da política criminal, campo de especialização da curadora e foco de seus livros “Encarceramento em Massa” (2019) e “Prisões: Espelhos de Nós” (2020). 

“Como pensar nas condutas criminalizadas e nos corpos marcados por essa criminalização? O que configura um sujeito suspeito e o outro cidadão de bem? Quais são as variáveis possíveis de confinamento? Não apresentamos respostas, mas antes um ponto de reflexão e inflexão para superarmos as fronteiras e os muros das verdades relativas, construídas por interesses alheios aos direitos inalienáveis que nos são usurpados cotidianamente. Esse é um convite para nos olharmos no espelho, romper silêncios e preconceitos, superar confortos e ser ponto fora do lugar”, ressalta a autora na apresentação.

O resultado, para Solange Farkas, diretora do Videobrasil, desenha um exemplo acabado de como uma questão contemporânea pode ser iluminada por um acervo histórico e vice-versa. “É importante destacar que se nos vemos hoje em um ambiente pouco propício à expansão das parcerias e dos projetos culturais marcados pela defesa da diversidade, da liberdade, do pensamento comunitário e da ampliação das consciências, por outro nunca tivemos tanta certeza da importância de manter vivo – e ativo – um dos acervos mais significativos da produção em vídeo do Sul geopolítico do mundo. Que é, ainda, uma fonte inestimável de pesquisa sobre uma produção artística que tem como marca fundadora e traço recorrente justamente um uso político, combativo e libertário do vídeo.”

Os potentes trabalhos de Caco Souza, Erin Coates, Fernanda Gomes, Luciana Barros, Marcello Mercado, Maria de Oliveira, Marta Nehring e Nilson Araújo também estão na exposição.

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