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Caetano e Roberto

RG foi ao show da dupla em homenagem a Tom Jobim

Noite das mais aguardadas esta segunda-feira (25.08) no Auditorio Ibirapuera, em Sao Paulo. Caetano Veloso e Roberto carlos uniram voz e verve para homenagear a grandeza de Tom Jobim, o seminal compositor. Cantaram a plenos pulmoes alguns dos grandes sucessos de Tom – e algumas perolas guardadas na cartola, como fez Caetano ao reacender “Caminho de Pedra”. O repertorio foi sugerido por Felipe Hirsch e Monique Gardenberg. No geral, foi acatado pela dupla, que palpitou aqui e ali. Roberto pediu para cantar “Samba do Aviao” (foi ovacionado) e ambos quiseram reverenciar “A Felicidade”, que rendeu dueto apaixonado.

Zuza Homem de Mello deu boa noite a Tom Jobim. Abre-se a cortina e la estao Caetano, num bem cortado terno chumbo e camisa rosa (quase roxa). Ao seu lado, o Rei de costume amplo, azul royal (quase roxo) e camisa branca setentinha, com gola grande, bem a seu estilo. “Desse cara eu nao vou dizer nada”, nao disse Caetano, dizendo tudo. Ambos, sentados em banquinhos brancos, foram acompanhados ao piano por Daniel Jobim, o neto, que usava um panama como o avo. Do avo? Tom assistia a tudo numa grande imagem no palco, que sugeria seu rosto. Abaixo a orquestra de Jaques Morelenbaum, velho parceiro de Jobim. Fez-se a luz.

Caetano seguiu solo, evocando as cancoes eternizadas no album Elis & Tom. Climax em “Inutil Paisagem”. A certa hora, disse que estava “feliz por ter a oportunidade de cantar, modestamente, inseguramente, mas com muito coracao”. Vem a cortina, cancoes depois, e vira suporte para a exibicao de imagens quase ineditas de Tom, em 35mm, entre jovem e maduro, ao piano, aqueles olhos de enxergar longe. E o sentimento da gente aperta.

Vem Roberto, e com ele as fas, que soltam “u-hu” aqui e “lindoooo” acola, todas faceiras, senhoras de sua tietagem. O velho lobo manda “Insensatez” em espanhol, quase derramando breguice na cancao das cancoes. Se redime lindamente em “Ligia”, fala da emocao de estar ali, e ovacionado depois de ninar “Cristo redentor, bracos abertos sobre a Guanabara…”. Voz translucida, de monarca mesmo. E um obcecado pela perfeicao, contaria o diretor do espetaculo, Felipe Hirsch: “Amanha ele vai chegar aqui as 16h”, nos confidenciou. Roberto encerra seu solo com “Eu sei que vou te amar”. Frisson.

O dueto revive “Tereza da Praia”, no momento mais descontraido do show, entre gracejos e um “diga la, bicho” caracteristico. Os dois seguem cantarolando, vem a frase “Tristeza nao tem fim…”, que Roberto emenda com um caco: “ah, mas tem fim sim!”. Ele realmente nao gosta de cantar pessimismos. Ai “Chega de Saudade” e “Se Todos Fossem Iguais a Voce” para extasiar geral. Fim de farra, tchauzinhos no ar, publico em pe, que maravilha viver…

Quem viu? O PIB nacional, Santoros e Cicarellis, Jabor e Barreto, Milu Villela, gente das artes e da musica… e fas, muitos deles, felizes com cada centavo gasto ali. O show deve virar especial da Globo, para felicidade geral da nacao. E possivelmente um DVD, para carregar estrada afora. RG saiu flutuando, com a certeza de que a bossa de Tom tem poder insondavel, que vai ardendo, posto que e chama, infinita enquanto dure.

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