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Kandinsky chega a São Paulo; veja destaques da expo

Por Carol De Barba

A esperada exposição sobre o precursor do abstracionismo Wassily Kandinsky chega a São Paulo esta semana, no CCBB. RG participou de uma visita especial durante a montagem da mostra, e divide alguns dos destaques dessa atração imperdível.

“Kandinsky: tudo começa num ponto” tem mais de 150 itens que contam uma história do pintor. Desde como era a Rússia na época em que ele viveu – especialmente a influência que os contos populares e os ícones religiosos tiveram sobre sua perspectiva –, o trabalho de seus contemporâneos, até a influência da pintora Gabrielle Münter, com quem foi casado. “A gente quis contextualizar o processo do artista. Mostrar a quebra de paradigma que foi a criação de uma arte não objetiva”, explica Rodolfo Athayde, diretor geral e responsável pela concepção do projeto.

Logo no início, o espectador é recepcionado pelo quadro “São Jorge” e algumas xilogravuras de Kandinsky. Em seguida, há uma coleção especial com vestimentas, lanças, instrumentos musicais e outros elementos de rituais xamãs. “Kandinsky tinha fascínio pelo xamanismo. Era uma influência direta que ele nunca abandonou”, conta o diretor.

Todas as obras de Kandinsky expostas são impressionantes, mas duas merecem alguns minutinhos a mais do tempo do público. Uma delas é um impressionante jogo de chá em finíssima porcelana chinesa pintado à mão por Kandinsky. As peças fazem parte de uma coleção particular, e mereceram esforço pessoal de Athayde para deixarem Londres.

A outra é o quadro Crepuscular, de 1917. “É um dos raríssimos com fundo escuro. Tem a ver com o estado de espírito em que Kandinsky estava por causa da guerra [período da Revolução Russa]”, justifica.

A exposição sobre Kandinsky finaliza em São Paulo um ciclo que já passou por outras quatro capitais brasileiras e reuniu quase 900 mil visitantes. Athayde estima que, nas primeiras semanas paulistanas, ela atraia cerca de 1 milhão de visitantes. “É uma expectativa fabulosa”, comemora.

Driblando um orçamento “tragado pela oscilação cambial”, o diretor levou três anos para finalizar o projeto. Ele recorreu a acervos de oito museus e cinco coleções particulares. Um dos principais desafios foi coletar as obras em pequenos museus do interior da Rússia. “O próprio Kandinsky doou muitas, pois queria que estivessem em todos os lugares”, diz.

A presença de outros significativos artistas russos, como Mikhail Larionov (raionista), Pavel Filonov (que ganha cada vez mais relevância por sua contribuição nas vanguardas russas) e um surpreendente exemplar figurativo de Kasimir Malevich (outro renomado abstracionista), também faz a diferença. “Nada aqui é de graça. Tudo foi pensado para contextualizar e dar oportunidade a esses artistas que viessem carregados do nome de Kandinsky e também fossem conhecidos pelo grande público”, conclui Athayde.

“Kandinsky: tudo começa num ponto” abre para o público na quarta (8) e fica em cartaz até 28 de setembro, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com visitação das 9h às 21h. O CCBB fica na Rua Álvares Penteado, 112, no Centro.

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