Por André Aloi
Sem lançar um novo álbum desde “I Want to Go to the Beach”, de 2009, Iggy Pop está preparando algo no mundo da música. “Talvez um CD”, diz ele para despistar o projeto secreto. “Infelizmente não posso dizer”, comentou em entrevista para RG, afirmando que a única coisa que poderia dizer é que logo voltará aos palcos com sua equipe.
O cantor quer ser convidado para o Rock in Rio, que acontece em setembro, na capital fluminense. No ano em que o festival completa 30 anos, ele reclama que jamais foi elencado anteriormente. “Eu gostaria muito, muito, muito… Mas nunca fui cafona o suficiente. Talvez eles ainda me liguem”, retrucou, talvez azedando de vez um possível telefonema de Roberto Medina, idealizador do megafestival.
O ex-Stooges esteve no São Paulo Fashion Week nesta segunda-feira (14.04) para destruir um óculos gigante da marca Chilli Beans. A ação faz parte do lançamento da coleção “Punk Glam” da marca de acessórios, que lança 80 peças em parceria com a Swarovski, entre óculos de sol e receituário (de grau), além de relógios masculino e feminino. “Não conhecia a marca, mas perguntei para alguns amigos músicos, de Los Angeles, que disseram que a coisa era boa”, explicou.
Considerado o pai do Punk – ao lado de outras figuras da cultura undergrond, como David Bowie e Lou Reed -, ele não acredita que novos artistas possam ser tão subversivos quanto os de sua geração. “Na minha época, o mundo era um lugar mais seguro. Agora, todo mundo tem um certo medo: de ter fome, ser pobre, preso, politicamente incorreto, trolado na internet”.
Longe das drogas, fala abertamente sobre o assunto: “ainda há pessoas que consomem heroína, ficam bêbadas, mas tem todo esse véu moral. Os que mais se aproximam a essa loucura, quando você vai para o lado mais selvagem, são essas pessoas loucas da música eletrônica”, refere-se ao público EDM.
MÚSICA
Fã confesso de Carlinhos Brown, ele diz que não conhece músicas novas. Mas em seu player, tem rolado V, Satisfaction, Red Fang, Sleeve For The Madge, Girlpool e Fat Wild Family. Seu ‘fashion icon’ é uma cantora alemã, chamada Nico. Ela nasceu na década de 1930, sob nome de batismo Christa Päffgen. Foi compositora, música, modelo e atriz.
BONS TEMPOS
Entre as recordações de suas passagens pelo Brasil, Mr. Pop afirma que a turnê que passou pelo Brasil em 2006 foi sua melhor turnê. “A turnê foi ótima, nós fomos para o Rio de Janeiro, tocamos em Copacabana e, quando voltei para São Paulo tive, talvez, o melhor show de toda a minha vida. Estava muito quente lá, a plateia era animada, não havia espaço para muita gente… Lembro que era um palco baixo, gradil perto… Foi muito bom, uma noite maravilhosa”.
Mas a primeira turnê promocional que ele fez no Brasil não foi tão boa assim: “foi barata”, como ele lembra. “Estava previsto para eles nos colocarem em um hotel. Ao invés, puseram em um apartamento que já estava habitado. Não tinha lençol na cama, nada no frigobar nem mesa. Então eu recusei e disse que estava abandonando o barco”.
Na ocasião, os organizadores chamaram a imprensa. “Tiraram fotos de mim e, no dia segunte, estava estampado ‘rockstar se nega a ficar em hotel nada luxuoso’. E eles (os organizadores) tinham um cachorro grande, que ficava no backstage, e não alimentavam o cachorro. Queria chorar por ele”, ri.