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Seek Refuge: streetwear pensada para muçulmanas millennials

Certa vez, o fotógrafo Bill Cunningham disse que “moda é a armadura que nos faz sobreviver ao cotidiano“. Em algumas situações, essa frase soa mais verdadeira do que o normal, como é o caso da coleção Seek Refuge, feita com o intuito de empoderar mulheres, refugiadas e muçulmanas.

A marca é um híbrido de streetwear millennial e pequenos detalhes que referenciam a cultura islâmica. A coleção está sendo financiada por uma campanha no site de crowdfunding Indiegogo, e, em menos de dois dias no ar, já arrecadou mais da metade da meta, que é de US$ 20 mil.

A mente por trás de todo o projeto é a empreendedora Shazia Ijaz, 25, que veio de família paquistanesa mas nasceu e cresceu em Michigan, nos EUA. Ela diz que tinha muitas dificuldades para encontrar algum produto de moda orientado a meninas como ela, e foi isso que a inspirou a criar a Seek Refuge.

Em bate-papo exclusivo com RG, Shazia falou um pouco sobre os objetivos da marca e da campanha:

O que te levou a fazer uma declaração de moda tão impactante?
Não haviam marcas de roupas para mulheres muçulmanas que compreendessem todas as mulheres, pois nós temos níveis diferentes de pudor quando se trata de usar roupas. Não havia uma marca feita para a mulher muçulmana progressiva, jovem e millennial. Foi daí que surgiu a ideia da Seek Refuge.

Quais foram os desafios encontrados durante a criação da marca?
Nós precisávamos encontrar um jeito de representar o Islã sem usar textos religiosos. As palavras do Alcorão são sagradas, e não podem tocar o chão sob nossos pés, então seria difícil colocá-los nas roupas. Por isso, decidimos representar o Islã através das culturas que o cercam, sem usar textos religiosos.

E no processo  da fabricação das peças?
Foi difícil encontrar uma fabricante ética. Nós queríamos produzir tudo em uma fábrica que trata bem os funcionários, e isso demorou um tempo. Finalmente, encontramos um ótimo parceiro em Istambul, na Turquia, que tem uma certificação por boas condições de trabalho, além de empregar refugiados.

Você acredita que esses produtos culturais ajudam a quebrar estereótipos?
É importante desmantelar alguns destes estereótipos sobre muçulmanos, especialmente sobre mulheres muçulmanas, devido ao mal que eles causam. Muita gente acredita que nós não podemos nos vestir como queremos, ou que não mostrar o corpo é uma forma de opressão. Nossa marca está conscientizando as pessoas que, sim, nós podemos nos vestir como queremos, e que pudor é uma escolha que pode empoderar quem a faz. As muçulmanas da nossa geração devem se orgulhar da cultura e da religião de um jeito moderno.

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