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Modelos por um dia no #SPFW, mulheres trans falam sobre preconceito

Por Marcela Zanetti

No quarto dia de São Paulo Fashion Week, o estilista Ronaldo Fraga transformou  seu desfile em um ato político. Mas nessa edição, o destaque não foram as roupas e os makes, mas o casting, formado apenas por meninas trans.

É um grande passo para a moda, mas um pequeno passo para imensa caminhada contra a intolerância que a sociedade tem que fazer. Prova disso são os relatos de preconceito que muitas delas têm para compartilhar, quando são perguntadas.

Segundo Etiele Fernandes, de 21 anos, o preconceito nasce quando não existe uma quebra de padrões. “Ele já está enraizado na sociedade e temos que lidar com muita hipocrisia. Sou profissional do sexo, então convivo com a realidade nua e crua da profissão”, polemiza. E continua: “Tenho que lidar com muitos homens de família que de dia nos agridem e de noite nos procuram”.

Alice, também de 21 anos, conta que os traços ainda masculinos aumentam ainda mais as reações hostis: “Temos muitas meninas que conseguem se passar por CIS, como tenho feição mais masculina, sinto que ainda não sou reconhecida pelo gênero com o qual me identifico. Isso gera situações muito constrangedoras”, admite.

Com um pouco mais de tempo de militância, Glamour, de 28 anos, que faz parte do projeto Melissa Meio Fio (que RG já entregou os detalhes) admite que hoje em dia a violência não chega tanto a ela, mas que luta em prol das outras mulheres: “Já que vivo com mais tranquilidade, aproveito a calma para falar por quem precisa. No Brasil, o direito da pessoa trans é o da violência e da morte”, alerta

“Sinto que o preconceito existe desde que o mundo é mundo e que não vai acabar tão cedo”, afirma Ariel Moura, de apenas 19 anos. A modelo polemiza fala sobre o fato de que a moda não é o bastante para acabar com os padrões. “Temos meninas fazendo faculdades que não têm nada a ver com o ramo de desfiles. Precisamos que elas também sintam que têm um lugar ao sol” .

Valentina Luz, de também 19 anos, pensa que o mundo não dá tanta atenção à transfobia: “O fato de que sou negra causa muito reboliço e ainda me sinto muito prejudicada. Mas penso que o importante é lutar, ainda temos um grande caminho a percorrer”, finaliza.

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