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Poderosos paulistanos comandam clube secreto do vinho

Após a morte de um magnata francês, no início do ano, uma adega de 1500 rótulos, das vinícolas mais consagradas do mundo, foi deixada para sua viúva e arrematada por um apreciador paulistano. O valor? Estamos falando em algumas dezenas de milhões de reais.

Garrafas únicas de Château d’Yquem, Petrus, Cheval Blanc, Margaux, Pichon, Sassicaia e Romanée-Conti ganharam novo leito – tupiniquim – do dia para noite. Tudo feito com extrema minúcia por especialistas da área, para não danificar nenhum produto. Uma jogada de mestre.

Parece cena de filme, mas aconteceu dentro de uma das rodas mais exclusivas dos amantes do vinho de São Paulo.

Pois é, as confrarias voltaram à cena com tudo, um mundo que anda em paralelo com a gastronomia. A novidade é que agora chefs particulares criam menus harmonizados para os confrades degustarem rótulos preciosos à mesa. “Os cardápios são feitos sob medida com produtos mega selecionados, que se adequam perfeitamente a cada vinho. A responsabilidade é grande e é necessário fazer um estudo prévio para acertar em cheio na hora da degustação”, afirma o chef Raphael Arrigucci, do Comitê, empresa especializada em experiências de luxo.

Sob sigilo absoluto, os encontros das confrarias acontecem cerca de quatro vezes ao mês a portas fechadas no Comitê. Taças de cristal escolhidas para cada tipo de uva desenham a mesa com nuances de brancos e tintos. O número de talheres de cada lado indica os diferentes cursos do menu. Flores, velas, decanters, tudo é pensado com esmero. À medida que os confrades vão chegando, canapés e flutes com perlages especiais circulam em bandejas de prata pela casa do anfitrião. É assim o aquecimento para um grande jantar.

Com o crescente aumento de bilionários no mundo, o universo dos vinhos finos deixou de ser uma extravagância e passou a ser visto como fonte de investimento. Segundo pesquisa recente da consultoria Knight Frank, o vinho é o ativo de luxo com segundo melhor desempenho, perdendo apenas para o segmento de carros clássicos.

As experiências gastronômicas capitaneadas por Arrigucci se instensificaram nos últimos três anos. “O vinho ganhou status de passion investiment. Garrafas se tornaram objetos de desejo também pelo seu retorno financeiro. Receber amigos para mostrar a adega e exibir rótulos raros faz parte do show. Percebo que o desejo maior desse tipo de colecionador é possuir algo único no mundo”, conclui.

O chef ainda revela alguns clássicos das confrarias mais seletas da cidade. No menu, vieiras com foie gras, haddock e caviar, pasta fresca com trufas brancas vindas diretamente de Alba, e para fechar, um wagyu doc com espuma de wasabi. E, claro, a sobremesa acompanhada por uma bela garrafa de Sauternes. Mas a noite não para por aí. O arremate fica por conta de um poderoso conhaque da maison Rothschild e um charuto Cohiba Esplêndido. Definitivamente, não é para iniciantes.

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