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Samantha!: tudo sobre a primeira sitcom brasileira da Netflix

A televisão brasileira nos anos 1980 foi um verdadeiro acontecimento. Esqueça o politicamente correto: tudo valia em uma das  década com mais programas infantis na TV aberta.

O começo da carreira de Xuxa e Angélica, a Turma do Balão Mágico e o Trem da Alegria, O Mundo da Lua… A programação para crianças era majoritariamente também apresentada por jovens celebridades, que cresceram cercadas por holofotes. Mas, o que aconteceu com a turminha que não está mais no ar?

Essa é a premissa de Samantha!, a nova série da Netflix. A primeira sitcom produzida pelo serviço de streaming busca investigar como seria a vida de uma celebridade mirim nos anos 1980 nos dias atuais, casada e mãe de dois filhos. “A Samantha não é louca, não imaginou tudo, ela foi, de fato, a criança mais amada do Brasil nos anos 1980 e a gente ficou se perguntando o que seria a psicologia dessa personagem hoje, 30 anos depois”, explica Felipe Braga, o criador do seriado, em coletiva de imprensa da Netflix.

Interpretada por Emanuelle Araújo, a protagonista que dá nome à série resolve que agora é a hora dela voltar aos holofotes, mas ainda não sabe exatamente como. Na infância, ela fez parte do grupo infantil Plim Plom, junto com Tico, personagem de Rodrigo Pandolfo e Bolota, vivido por Maurício Xavier.

“A Samantha é essa persona que tem tanta cor que a gente conhece, faz parte do nosso imaginário”, explica a atriz. Para construir a personalidade de sua personagem, Emanuelle conta que tentou extrapolar a inspiração em celebridades da época: “Procurei ir um pouco além, não só das figuras icônicas da televisão, mas muito do comportamento dos anos 1980. O não-politicamente correto, que faz parte do perfil da Samantha”, divide.

Na série, a ex-celebridade mirim é casada com um ex-jogador de futebol, o Dodói, interpretado por Douglas Silva. Após ficar 12 anos na cadeia, o marido de Samantha tenta descobrir qual é o seu lugar em sua família. “Ele quer recuperar esse tempo perdido dos filhos, que foram criados pela mãe, quer voltar para o berço da família dele. Só que não sabe como. Como vai ser como pai, não sabe se ainda é casado com a Samantha”, conta Douglas.                

Trilha chiclete 
Uma parte importantíssima da série é o estrelato do Plim Plom, há 30 anos. Para criar esse sentimento de nostalgia, a produção da série criou músicas autorais e videoclipes para o grupo imaginário. “Eles dão bastante autenticidade para a série como um todo”, explica Felipe Braga.

Para construir essa ilusão, o compositor Edgard Poças, responsável por sucessos da Xuxa, Balão Mágico, Trem da Alegria e Dominó, foi escalado pela Netflix, junto com Fábio Góes, para dar vida a trilha da banda infantil. “Ele veio com essa linguagem que faz aquilo parecer que fez parte do nosso passado, mesmo sendo uma obra para o Samantha especificamente”.

O ator Douglas Silva deu o aviso: preparem para ficar com os hits grudados na cabeça. “A equipe inteira ficava cantando ‘o futuro somos nós’, em todos os cantos do set”, cantarolou na coletiva.

Apesar das fortes referências passadas, Samantha! se passa, sim, em 2018. E, por isso, as inspirações na nossa época também são fortes na trama, principalmente por meio da personagem Laila, de Lorena Comparatto. Parte de um triângulo amoroso entre Dodói e Samantha, a atriz interpreta uma verdadeira digital influencer.

“Observei muito as Kardashians, principalmente a Kylie Jenner. A Kylie tem isso com a beleza, a vaidade, produtos de beleza. E tem essa coisa com o Instagram muito forte. A Layla também”, diz Lorena. “Ela chega para ter uma rivalidade com a Samantha, como todo mundo espera, mas acaba sendo uma outra relação feminina”.

A TV morreu 
Em uma das maiores provocações da série criada por um serviço de streaming, um dos personagem diz abertamente que “a TV morreu”. Felipe Braga, no entanto, pondera que, de fato, a forma de fazer televisão nos anos 1980, a qual o seriado faz referência, não existe mais nos dias de hoje.

“Hoje é interessante percebermos que TV aberta como todo não possui mais programação infantil. Não só nos programas de auditório, como não passa nem desenho animado”, explica o criador da sitcom. “Acho que estamos em uma cultura cheia de nichos, e também numa época que todo mundo escolhe o que assistir e quando assistir”.

Esse momento, de acordo com Felipe, dá a oportunidade para que espectadores explorem novas fontes de programação. “Sucessos como La Casa de Papel e Narcos são simbólicos de como existe uma nova audiência que quebra a máxima de que nada que não fosse falado em inglês tinha potencial de se internacionalizar. Estamos em um momento muito bom para quem está fora do eixo Estados Unidos – Inglaterra de expandir o nosso conteúdo para diversos lugares”, conta o showmaker.  

“O mundo mudou e a televisão tal como a gente conhecia nos anos 1980 acabou mesmo. Hoje em dia a gente só se junta para assistir televisão a família inteira na Copa do Mundo”, finaliza.

Samantha! estará disponível na Netflix no dia 6 de julho.

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