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“Ser artista no Brasil é muito difícil, estar trabalhando já é uma dádiva”, diz Rafael Losso

O ator Rafael Losso passa por uma fase bem agitada em sua carreira. No último ano, ele esteve no ar com a novela “O Outro Lado do Paraíso”, encarnado o vilão Zé Victor e contracenando com Marieta Severo, e na série “Rio Heroes” no canal Fox, interpretando um lutador clandestino.

Ainda no começo de 2018, Rafael estreou em “Rotas de Ódio”, na Universal, como um personagem skinhead e colocou um ponto final na trama de Walcyr Carrasco na última sexta-feira (11).

Em bate-papo com RG, o ator divide qual foi o ponto alto de participar da produção global, seus pensamentos sobre o papel da novela na sociedade atual, as diferenças entre gravar séries de TV e novela e conta o que podemos esperar dele no futuro (spoiler: ele segue com muitos projetos à vista!).

Você ficou feliz com a evolução do seu personagem durante a trama?
Fiquei muito feliz, não esperava no começo da novela que o Zé Victor fosse ter um espaço tão grande quanto ele conquistou na história.

Você passou meses contracenando com alguns dos maiores atores do Brasil. Quais são os maiores ensinamentos que você tirou da experiência?
Foi uma grande lição sobre profissionalismo. Nunca um ator jovem tem só a aprender ou um mais velho só a ensinar, então houve uma troca muito legal, muita colaboração. Acho que foi isso que deu força para a novela. Ninguém ali se achava melhor do que o outro. Marieta [Severo], Fernanda [Montenegro], dona Laura [Cardoso] e o Lima [Duarte] estavam ali para dividir mesmo. Foi emocionante de ver.

E quanto a recepção do público, a sua vida mudou desde o começo da novela? As pessoas passaram a te reconhecer mais, interagir pelas redes sociais?
Eu não sou um cara muito de redes sociais, mas na rua foi superlegal. O público acabou odiando o Zé Victor, mas tinha um carinho bem grande por ele. O resultado foi positivo, no final.

“O Outro Lado do Paraíso” também se tornou manchete por conta do beijo homossexual, que ainda polariza muito a sociedade. Qual você acha que é o papel da televisão em trazer debates sociais para a população?
É um papel importantíssimo, temos que trazer à tona o que acontecendo no mundo. Espero que as cenas de preconceito – que foram muitas ao longo da novela – tenham feito o público pensar. Vivemos em um mundo ainda muito radical e intolerante, temos que entender que precisamos conviver e compreender as nossas diferenças.

Por outro lado, a novela também trouxe um puteiro relativamente glamourizado – não era chique, mas todas as mulheres ali pareciam felizes na profissão, e a gente sabe que não é bem assim…
Eu não sou dramaturgo, mas o Walcyr [Carrasco] é bem antigo, então ele tem uma comunicação com a sociedade muito bem desenhada na cabeça dele. Ao mesmo tempo que tinha alegria, elas queriam sair dali, se tornar pessoas melhores. Ali, o interessante era elas estarem em busca de outra vida, acho que essa era a principal mensagem.

Em 2017, você esteve no ar com a novela e duas séries de TV. Os seus personagens em cada umas dessas tramas são bem distintos. Como é o processo de desenvolver tantas personas em um curto período de tempo?
Eu acho que isso faz parte do trabalho de ator e a minha busca sempre foi essa. Não gosto de personagens próximos a minha pessoa, para poder criar uma nova realidade, um novo mundo. Eu acho que isso humaniza os personagens.

Existem diferenças entre gravar uma novela e uma série para TV? Quais são?
Existem algumas diferenças, mas a principal é que a novela é uma obra aberta, então você não sabe o que seu personagem vai fazer na semana seguinte, enquanto, no seriado, ele já vem desenhado e você sabe o destino dele desde o começo.

Como uma pessoa com experiências em televisão, teatro e cinema, qual é o formato que você gosta mais de atuar? Porque?
Não consigo escolher, pelo menos por enquanto. Ser artista no Brasil é muito difícil, então só de estar trabalhando já é uma dádiva. O que mais me deixa feliz e motivado é o trabalho. Ainda não tenho uma preferência, eu louvo os três meios, já que são caminhadas diferentes. Por vir do teatro, eu tenho mais contato com o palco, mas cada personagem é único, em cada um dos estilos.

E o que podemos esperar de novidades para o futuro?
Eu participo do filme “Virando a Mesa”, que estreia em setembro, e da nova temporada de “Rio Heroes”, da Fox. Existem também dois projetos de teatros e um de cinema ainda em fase de negociações.

 

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