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“Por causa dos vícios, cheguei perto de perder a sanidade”, diz vocalista do Keane, Tom Chaplin

Por André Aloi

Tom Chaplin, o vocalista do Keane, lança o álbum solo “The Wave” (Universal Music) nesta sexta-feira (14.10). Ele fala, basicamente, sobre redenção. Em como ele conseguiu superar o vício com álcool e drogas e transformar isso em força motriz para escrever sobre melancolia na busca por esperança. Impressiona a maturidade e naturalidade com que o frontman da banda britânica assume seus erros em um mundo em que as celebridades vão e voltam de rehabs e como tornou-se banal a causa mortis por conta desses problemas.

“Em 2014, eu tentava compor músicas, mas era muito difícil. Minha mente não estava nada bem. Não conseguia nem escrever. Quem dirá manter uma vida saudável. Minha relação descambou, eu fiquei perto de perder a sanidade se não tomasse uma atitude contra meus vícios”, conta ele a RG. “Esse disco é sobre como a minha vida estava uma tremenda bagunça, problemas com esse vício ao longo dos anos”, crava.

Então, descobriu que tinha muita coisa para compartilhar sobre estar naquele lugar horrível e como estava reparando as relações com as pessoas ao seu redor e consigo mesmo. “É a história dessa experiência: de sair de um lugar bem escuro para se encorajar”, explica, dizendo que um dos twists em 2014 foi o nascimento da primeira filha – de seu relacionamento com Natalie Dive (com quem está junto desde 2011). “Apesar de tudo, foi das coisas mais importantes daquele ano: estar com minha mulher, minha filha, meus amigos”.

Segundo Tom, esses problemas fizeram com que se tornasse uma pessoa muito isolada. “Definitivamente, há muitas coisas dessas relações. Em como eu comecei a reparar os laços, como ‘Hold On To Our Love‘, que eu escrevi pra minha mulher, em que pedia para confiar em mim novamente. ‘Quicksand‘, por exemplo, é endereçada à minha filha”. Ao mesmo tempo que se expor foi desafiador, foi também uma espécie de reabilitação poder se abrir tanto de uma forma honrosa. “Os sons são muito diretos, uma representação de mim”.

Com o lançamento de “The Wave”, Tom explica que é como se estivesse lançando algo pela primeira vez. E espera que a receptividade dos brasileiros seja igual a de quando ele lançou outros projetos com a banda de origem. “Tive ótimas experiências no Brasil e espero que eles recebam este material da mesma forma como foi com a minha banda. Foram sempre amáveis. Estou animadíssimo para voltar”.


A VOLTA DO KEANE
Com o novo trabalho, Tom pretende voltar ao País com uma turnê, ainda que não tenha uma world tour em curso. “Estou ansioso para que possa levar (ao País). Quero me apresentar em São Paulo, Rio, e quem sabe Belo Horizonte. Estou animado para viver mais da cultura local”, compartilha. No palco, ele espera trazer a atmosfera em que compôs esse disco. “Expus e revelei o máximo que pude. São histórias muito pessoais, fui o mais transparente que pude, contando meus segredos mais íntimos”, revela.

Apesar da novidade ser a jornada solo, não dá pra eliminar a possibilidade de uma possível reunião do seu grupo de origem num futuro breve, algo que ele tenta despistar com a maiorcordialidade. “Um dos problemas disso foi que aprendi foi viver o agora. Claro que me arrependo de algumas coisas com a minha banda, o Keane, como decisões que eu nem sempre concordei, como as direções que tomamos. E sempre ficava pensando o que viria depois… Então, estou me esforçando para viver e curtir o presente”, explica, desculpando-se por não poder responder isso agora. “Estou ansioso com a minha música e em como as pessoas vão ouvir este meu novo lado.Não sei se haverá uma reunião do Keane, estou vivendo o agora”. Ainda que ele não pense nisso, uma turnê solo deve estar nos planos.

Tom explica que, para lançar algo em conjunto, todos têm de estar em sintonia e concordar com o conteúdo. É o contrário num trabalho solo. “Foi um desafio para mim: quando se está solo, é você e o piano. Do meu jeito, são experiência que vivenciei, que é muito interessante poder mostrar quem é essa pessoa, e compor sobre as minhas vivências. Dessa vez, pude ser mais honesto. Acho que nunca falei tanto da minha vida, o que foi muito animador, eu fui muito transparente”, pontua.


PLEASE COME TO BRAZIL
Tom diz ter ótimas recordações do Brasil. “Vocês fizeram com que nos sentíssemos muito bem, como em casa”, explica o frontman que esteve por aqui ao lado de sua banda para série de apresentações em diferentes momentos – a última foi em 2013. “Os shows que fizemos foram todos cheios de paixão. Mas o que me marcou é que há muito o que fazer, uma cultura muito rica. Sinto-me conectado com o Brasil, de alguma forma. Só de estar em São Paulo, olhar a vista, me lembra uma sensação boa por causa da receptividade: jogamos futebol, lembro-me de pescar no oceano em outra cidade. A atmosfera e o ambiente são muito memoráveis, que não experimentamos em nenhum outro lugar”.

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